sábado, 18 de junho de 2011

Cortês: ruínas relembram tragédia




A maior parte das casas ainda não foram reerguidas na cidade da Mata Sul


Reportagem de Renata Coutinho do Jornal Folha de Pernambuco

A avenida Rio Sirinhaém, em Cortês, na Mata Sul, foi reconstruída, mas a maior parte das casas ao longo do caminho continuam em ruínas e relembram o cenário de tragédia das enchentes de 17 de junho de 2010. As ruínas também denunciam que pouco ainda foi feito na cidade para apagar da lembrança, pelo menos da memória visual, os danos que a enxurrada provocou. Dezoito prédios públicos foram danificados pela enchente e, até agora, apenas o Fórum está sendo reconstruído.

Enquanto a cidade tenta se reestruturar, as famílias que foram atingidas pelas chuvas também procuram reconstruir as casas e as vidas a duras penas. “Já faz seis meses que comecei a levantar a casa de novo, já gastei mais de 30 mil e estou pensando em pedir um empréstimo porque o aperto está grande”, comentou a dona de casa Rizoneide Bibiano de Melo, 41. A mulher teve a casa arrasada pela cheia do Rio Sirinhaém, que invadiu Cortês. Do prédio de três andares, só sobraram algumas paredes. A lembrança do dia da enxurrada não sai da cabeça dela, apesar de saber que a vida continua. “Para quem não perdeu nada, um ano é pouco tempo, mas pra quem perdeu tudo e teve que recomeçar do zero, a lembrança fica para sempre”, desabafou.

O caso mais grave, porém, é o da saúde, que perdeu pelo menos seis prédios. O Hospital Municipal, até hoje, funciona improvisado em uma escola. “Está demorado demais para sair esse hospital. Prometeram para logo, mas já passou um ano e nada. Quem sofre é a gente, que toda vez tem que ir para outras cidades atrás de médico”, reclamou a dona de casa, Josiane Maria da Conceição, de 25 anos. O ambiente é de improviso entre as três pequenas salas da escola, que servem de sala de urgência e enfermarias. Apenas procedimentos simples podem ser realizados. “As cirurgias eletivas e partos cesarianos foram cancelados porque está tudo fora dos padrões. Os casos como estes e outros mais graves encaminhamos para Vitória de Santo Antão, Palmares, Caruaru e Ribeirão”, disse o secretário de Saúde de Cortês, Valdemiro de Lira Filho.

Questionado sobre a demora para a construção do novo hospital, ele enumerou alguns pontos: prioridades dadas nas construções de habitações no Estado e também demora na liberação das licenças ambientais para ser erguido o novo centro hospitalar. “Foram identificadas nascentes em alguns dos terrenos”, explicou. Segundo o secretário de Planejamento e Gestão do Estado, Alexandre Rebelo, o novo hospital deve ser entregue à população até o primeiro trimestre de 2012. “Esta é uma obra que não poderia ser feita tão rápido, porque precisava de um projeto maior. O estrago foi grande, mas a nossa avaliação de um ano é que muita coisa foi feita. Contudo, sabemos que ainda há muito o que fazer”, justificou o secretário.

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